terça-feira, 30 de novembro de 2010

Eu não posso mais viver esperando que você se sinta feliz do meu lado.
Olhando nos teus olhos que só fogem dos meus por não suportarem a sinceridade que transmitem a você, que prefere calar que dizer a verdade.  Mas dessa vez eu não vou esperar que você me dirija um sorriso, por que ficou difícil pra eu sorrir agora que sei da verdade que descobri ontem. Ontem quando cheguei e pensei que já era hora de dormir. E se teu sentimento mais secreto não for o que eu penso, eu te perdôo por ser assim. Mas só perdôo por que também tenho segredos que jamais revelarei a alguém.
18/09/10 
Ás vezes você tenta entrar na vida de alguém e não consegue tocá-la da forma desejada por ela já possuir outro alguém especial demais pra ser substituído. Mas ai você esquece que também é especial demais pra alguém que te acha insubstituível, e fica triste.  

domingo, 28 de novembro de 2010

Um Dia Especial.

       Como era bom acordar no dia de seu aniversário. Despertou cedo como de costume, mas numa exaltação, num sobressalto de ânsia feliz. Lavou o rosto e escovou os dentes que eram metade postiços. E enquanto todos dormiam, ela fazia em seus pensamentos uma breve e orgulhosa retrospecção do que vivera e algumas idéias sugiram-lhe na cabeça em relação ao futuro. Preparou o café e agora esperava os primeiros telefonemas. Esperava atenta. O telefone tocou e ela se levantou meio sofrida e atendeu. Era o primeiro telefonema do dia e quem lhe desejava um ótimo aniversário e muitos anos de vida era a filha caçula, que sempre foi a mais bajulada, e que foi a primeira a sair de casa. Então voltou e sentou-se. Como era bom se desprender do trabalho no domingo. Pensava orgulhosa. Vou almoçar fora, e riu alto, escondendo os dentes com a mão, olhando para os lados para que ninguém a percebesse assim. Olhava para máquina de costura ao lado, um olhar cansado e conformado, quase comovido, por que era ali sentada que passava grande parte de seu tempo tentando atender a todas as encomendas que a faziam. Sentiu sede e se levantou, caminhou até a geladeira e enquanto isso olhava as paredes bem pintadas, os móveis polidos, as taças intactas. Tudo sem esquecer o almoço. O marido no dia anterior havia marcado de irem ambos almoçar num restaurante caro e bem visto pela cidade inteira, e ela quase sem nunca ter saído de casa pra esses lugares se alegrou tolamente. Pensava no que ia pedir quando o garçom trouxesse-lhe o cardápio. Pensava com que roupa iria, ficava em dúvida, e ria-se da dúvida, pois ainda era vaidosa, percebia, mesmo com 51 anos era vaidosa. De repente escutou ruídos vindos do quarto, caminhou até lá numa curiosidade tensa. Era o marido que abria os olhos devagar, preguiçosos. Remexeu um pouco na cama, enquanto ela de pé esperava os parabéns com os olhos secretamente felizes. Mas eis que o marido lhe desejou bom dia e não lhe parabenizou. Ficou nervosa, tentou encontrar um motivo, ele deve está brincando comigo daqui a pouco ele vai dizer: Como eu poderia esquecer seu aniversário? Vamos até almoçar fora hoje! Pensava tentando se controlar. O marido levantou-se, tomou café e ficou a olhar o chão quase dormindo. Foi então que margarida entristeceu-se, conformou-se com o esquecimento de seu homem. Sentou-se de frente pra máquina de costuras e se pôs a trabalhar. Como era bom trabalhar! Essa foi a forma que encontrara para fugir do mundo que a esquecia de vez em quando. Lá, sentada de frente pra máquina pensava, pensava. Mas não era culpa do marido esquecer. Já era velho e a memória gasta falhava freqüentemente. Foi então que repentinamente veio-lhe em mente a data. Ficou nervoso, como explicaria? Como fingiria que não esquecera de fato no início? Resolveu falar a verdade. Caminhou até a máquina e arriscou:
       - Querida me desculpa por eu não ter lembrado assim que acordei ta?! Você sabe que essa minha cabeça não funciona mais como antes e vivo esquecendo certas coisas, mas nosso almoço ainda está de pé não é?
       Os olhos de margarida cresceram de entusiasmo e alegria conformada. Disse que tudo bem, não tinha importância, afinal ele não esquecera completamente. Ficou esperando sem saber o que fazer para que o tempo corresse mais rápido, ficou esperando o meio dia. Queria sair na rua e ver gente. Foi aí que começaram a chegar alguns familiares no intuito de homenageá-la.  E assim logo veio à hora, faltavam quarenta minutos para o meio dia. Entrou no quarto silencioso e só por dentro era possível sentir a batucada do coração. Abriu uma gaveta muito bem envernizada e tirou uma caixa onde guardava alguns cordões e anéis de falso ouro e falso brilhante. Escolheu um par de brincos e numa sutileza de adolescente se pintou. Colocou um vestido discreto de um branco florido. E perfumou-se levemente com prazer instantâneo. Depois de pronta e o marido vestido caminharam até o carro e adentraram no lado de fora da casa. Estava no lado de fora! Pensava com intensa liberdade e júbilo. E enquanto levemente o carro seguia, ela se assustava por ter ficado tão isolada. Observava com pura curiosidade as mulheres que caminhavam na rua indo pra lugar nenhum, mas caminhavam tão soltas, tão livres. E lembrando a máquina de costura sentiu angústia, quase entristeceu. Olhou para o marido que concentrado dirigia, sério mais de uma doçura que só ela conhecia.
       - Vamos para um restaurante que fica de frente para o mar.
       Quase não acreditou no que ouviu. Estava intimada. Ficou nervosa e feliz. Não sabia discernir ao certo o que sentia. Mas era bom saber pra onde ia. Era muito bom saber que sentiria o cheiro do mar. Sentaram-se um de frente para o outro e do lado esquerdo de margarida eis que a sublime perfeição quebrantada em espumas exalava maresia. Sim ela estava ali, não era sonho dessa vez. Ela estava à mercê de um vento forte e de um ar tão puro que ficou meio desengonçada. Depois que almoçaram, ficaram em silêncio numa tristeza amena de quem come em exagero. E olhando as ondas vorazes, as ondas que se desmanchavam nas grandes pedras, ela sentiu-se como uma onda. Ela sentiu-se tão grande quanto o mar e tão voraz que engoliria a vida num só trago. E a idéia de que mais um ano viria encheu-lhe os pensamentos. As expectativas começavam a se formar.
        O dia terminou para margarida num parabéns familiar e coletivo, onde abraços eram o seu aconchego e beijos o maior gesto de afeto. Adormeceu exausta de tão feliz. No dia seguinte levantou-se cedo demais e se pôs a costurar, ligeiramente e ágil como um bicho, costurava.

Eu respiro Brasil.

Desorientação

Na minha casa tem dois relógios. Um encontra-se na sala e outro na cozinha. Ambos marcam horas diferentes. como vou saber qual é a verdadeira hora? Clara (minha personagem) se pergunta aflita.
Ontem sai pra para passear pela noite. Hoje estou a fim de falar e escrever gíria. Por que é sábado e nesse dia sou liberto. Não preciso de retórica ensaiada. Ah, eu sou tão meu. Sou tão meu que agora sinto uma liberdade implacável e medonha. Como eu sou de fases. Parece que me identifico mais com os finais de meses. Sim, pois nesses períodos me sinto melhor e mais preparado pra viver. Já estou habituado com o mundo que é sempre novo pra mim. Eu me renovo a cada amanhecer. Todos os dias exigem uma preparação. Mas não me sinto mais pressionado, não. A liberdade que sinto e descomunal, mas me alegra e isso é o que importa

 
 Sei lá o que a vida me parece. Ela parece o nada onde se cabe tudo. A vida é uma roda gigante que nunca para de girar, disso eu sei e nem me lembro onde aprendi.

 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sabe do que eu me arrependo? De não ter desmascarado certas pessoas quando eu podia!
Revoltar-me contra tanta gente que pensa diferente de mim não é a solução. A minha grandeza, a que reconheço não me permite aceitar preconceito, racismo nem subestimação. É claro que existe uma revolta muita viva dentro de mim. Revolta contra os que acham que tem a razão. Eu não tenho razão sobre ninguém e ninguém tem razão sobre mim. As pessoas estão esquecendo-se de ser felizes. Parece até que é PECADO ser feliz. 

Primeira Madrugada.


Estou lendo um novo livro e tendo muitas novas idéias. Mas são engraçadas as minhas idéias. São amalucadas e muito fugitivas, às perco de repente. Depois chegam outras e outras, até que me sento aqui e disponho essas breves reflexões, que são tão inferiores ao que realmente sinto. Tenho trabalhado para que possa exprimir tudo o que quero. Enquanto não o faço, pelo menos me tranqüilizarei pelo fato de amanhã ser sexta-feira. Já está de madrugada e mesmo sabendo que terei dificuldade de acordar cedo amanhã, não estou com vontade de dormir. Eu quero sentir a noite. Não posso contemplá-la completamente, pois me situo dentro de casa, mas posso ouvir os latidos que ecoam na madrugada. Os latidos dos cachorros negros. Pensei que estava chovendo. Fui verificar e nenhuma gota pingara no chão. Foi alucinação minha.  Eu tenho fobia das grandes águas. Principalmente as paradas e silenciosas que escondem o mistério de quem vive no fundo. Apesar de viver na terra e caminhar no chão duro eu sou aquático. Sinto uma ligação muito profunda e até mesmo apelativa pelo mar. Quando passou a ressaca do mar na televisão, infelizmente não pude ver de perto e até achei melhor assim, quando vi a ressaca do mar fiquei assombrado com a invasão. A água chegou até a pista, bem próxima dos carros. Meu Deus aonde o mar vai parar? Será dentro de mim? Se lá fora não fosse perigoso eu colocaria uma cadeira na rua e me sentaria silencioso e contemplativo. Para sentir apenas. A noite trás os fantasmas mais adoráveis. À noite eu caio, mas não num sofrimento, eu caio num delírio que é só meu e que invento pra me divertir. Eu já tomei banho de chuva à noite. Eu já fiquei a noite toda sem dormir e quando deitei minha cabeça pesava. Hoje escolhi ficar até de madrugada escrevendo apenas pra sentir. Senti saudades de naturalmente poder me ligar a uma noite que me pertence. Senti saudades de inventar histórias fantasiosas. A realidade não é tudo. Eu já experimentei algo que me veio naturalmente e que talvez eu possa chamar de: Transe. Senti saudades de me deixar levar pela música. Tirei a conclusão de que se eu saísse de casa moraria sozinho, pois só assim eu escreveria da maneira que quero. Três quadros levitam na parede, silenciosos e sombrios. Quadros que não me dizem nada e nunca disseram nada a quem os comprou. Existem coisas assim que de tão mudas são belas. Talvez eu deva dormir, pois continuarei dormindo tarde nos próximos dias para concluir meu trabalho. Para cumprir meu papel para com a noite. Noite que já amo sem medo algum.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Susto.

       Estava eu à caminho do salão de beleza mais próximo. O tempo sempre foi cruel comigo, me enganado descaradamente. Fazendo-me correr por entre os pedregulhos do cansaço e me atrasando quando eu não podia chegar atrasada. Mas mesmo assim eu comprei um relógio só pra ficar olhando o tempo, e olhando-o acabo me controlando. Agora eu tenho certa percepção de tempo. Calculo-o melhor. Adivinho numa intuição quase sempre infalível o que vai e que não vai dá pra fazer. Então eu voltava do trabalho, já não agüentando mais meus imensos cabelos. Eu que passava longos minutos numa mania de perfeccionismo me olhando no espelho tentando penteá-lo, quando já não tinha jeito. À caminho eu pensava talvez, não me recordo bem, no que eu faria quando chegasse em casa. E ia seguindo numa correria comum de ansiedade presente. Avançava numa cegueira descomunal, entrando mais ainda na noite que agora era toda escura. Eu era capaz de ignorar um elefante que passasse por mim naquela minha pressa. Mas o que eu menos esperava aconteceu. Tanta era a minha vontade de logo chegar, de ficar pelada, pois quando corto meu cabelo me sinto nua. E toda estranha fico, com o pescoço mais alongado e alvo. Fico também com o rosto mais liso e mais visível. Sinto-me quase feia, mas depois passa. Acostumo-me. Então eu não sabia que um simples e rápido olhar acabaria com aminha desenfreada ansiedade de chegar ao salão. Um simples olhar que me paralisou tão repentinamente que me assustei. Era um homem baixo, e passei por ele muito rápida, parecia até fugir de alguém. Mas como explicarei a forma de como aquele olhar me penetrou? Meu coração bateu tão forte como quando acordo de um pesadelo e sinto o alívio de voltar a minha vida real. Senti uma dor gostosa e pungente que me despertou bruscamente. Foi isso que ele me transmitiu: uma realidade tão dura que mal pude suportar desviando o meu olhar rapidamente, num medo talvez de me entregar ao dele, verdadeiro demais pra mim. Apaixonei-me perdidamente por um olhar que foi meu por um segundo. Depois fiquei me perguntando o porquê. Por que ele me olhara daquela forma quase cruel? Por que me enfeiticei por ele de tal forma? Qual era o motivo de tal olhar? Depois passou, mas sei que não foi em vão. Sei que existiu um motivo muito forte para ele ter me encarado daquele jeito.




Extraído do diário de Clara Neves Monteiro, minha personagem.

INSPIRAÇÃO

Quando escrevo algo novo não me agrado de imediato. Passado algum tempo, eu até tendo esquecido o que escrevi releio o texto que me surpreende por ter sido feito por mim. Não é presunção. É que de repente, eu na minha ingenuidade, descubro que passei por um momento de inspiração. E inspiração às vezes me é tão distante ,uma sensação tão efêmera, mas graciosa. Que se faz presente quando menos espero. 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A fraqueza é besta. Sim, pois quem enfraquece obedece. Não sou de obedecer sou de escolher. Mas não sou de julgar. Sou de não entender apenas. Não entender o porquê de certas coisas. Se no meu sonho tudo é diferente. Quando você é apenas um personagem imperceptível e fugaz. A fulgurosa sensação de estar ao seu lado. Sombrio apenas.  Apenas delirante que sou enquanto vivo. O seu sonho não me diz nada. Se sou intenso, é sem querer. 

Escravos

Nós somos escravos da nossa própria imaginação!

sábado, 20 de novembro de 2010

Fortaleza.


Amo fortaleza, pois foi aqui onde nasci. E se esse foi meu destino é por que tinha que ser assim. Foi em fortaleza que encontrei um mar que até hoje não me esqueço. Em fortaleza eu beijei a boca mais doce e abracei o amigo mais eterno. Foi em fortaleza que eu provei do vinho que até hoje me faz companhia. Em fortaleza eu vaguei pela madrugada perdido numa liberdade que talvez nunca mais volte a ter. E em fortaleza eu conheci a MPB, e pude ler os livros de Clarice Lispector emprestados da biblioteca pública. Dentro dos ônibus sacolejantes e lotados eu pude formular uma filosofia só pra não perder o meu tempo. E pude me perder numa meditação de sonâmbulo. E vaguei num sol tão quente que me senti no deserto. Mas me banhei com uma água que dizem ser suja, mas fresca. Foi então que chegou até mim o Rock e pude sentir aquela sensação inesquecível de loucura recém chegada. Não tenho vergonha de ser louco, pelo contrário tenho orgulho. E é em fortaleza que sobrevivo a cada dia. Correndo para um lado e para outro para que der tempo. Tempo de quê? Tempo de viver. 
Eu me sinto abandonado de vez em quando e encontro-me em algum lugar por aí vagando pra esquecer o que existe dentro de mim. E a rua cheia de pedregulhos me derruba em desequilíbrio ébrio e desengonçado de quem anda sozinho. Mas uma força fora do normal de repente me ergue num sobressalto de atleta. E meu rosto brilha refletindo a noite que já não me assusta mais. Meus olhos fundos e propositais transparecem toda a minha emoção de ser. A emoção de sentir alguma coisa como uma brisa gelada e calma. Alguma coisa como amor. Amor sem fim, sem trégua. 
Um dia me disseram que a vida é difícil, mas difícil mesmo é viver sem amor no peito. Sem saudade nos pensamentos. E querer sentir-se especial é um sentimento tão apelativo quanto à solidão. Tão desesperador quanto está sozinho num quarto e esquecido e mal solicitado.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Chega dessa falsa lucidez. Se eu não a quero. Essa lucidez que me aniquila por me ultrapassar. Ultrapassa-me por que és mais sólida e por isso mais incógnita.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Hoje fui até a biblioteca pegar emprestados dois novos livros. Já estava cansado das longas viagens que faço de ônibus sem nenhum aproveitamento. Sinto-me desperdiçando tempo devido às tantas horas que passo para um lado e para outro no transporte. E ao mesmo tempo em que leio, formulo novas idéias em relação às minhas próprias composições. Cheguei quase dez da noite hoje, e muito cansado, mas precisei postar algumas novidades no meu blog, portanto ainda não estou com sono. O que posso falar é que apesar de ter trabalhado bastante esses dias e ter me sentido exausto por vários momentos tudo está correndo tranquilamente bem, por que me permiti viver assim. As cobranças não me preocupam mais. Mas agora vou dormir. Tenho que acordar cedo, pois amanhã é sexta-feira, dia de cerveja. E meu efêmero final de semana vem aí. 
A vida me é ás vezes engraçada. Por que ou você acha engraçado ou você chora dizendo que vive um drama. Como não vou transformar-me num casmurro solitário e hostil prefiro rir. Eu pensei em tantas coisas desconexas que fluíam repentinamente como sustos. Eu tenho medo do que escrevo, por que deixo escapar tragédias românticas. Mas o medo é meu maior desafio. E no final eu não tenho medo, eu tenho uma idéia que pode ser transformada em outra idéia. Que se danem os certos. Que se dane o convencional. Agora me pergunto, por quê? Por qual motivos existem as preocupações? Por que elas não existem mais. Eu posso enlouquecer se quiser, mas não quero. Eu não escolho escrever certas coisas, eu sou forçado.

Tão distante estou agora daquele chão agreste onde pisei, com pedras grandes que tentei escalar pra me sentir maior.  E tão distinto eu era. Uma clareza de vez em quando, uma descoberta. Hoje à procura de novos livros para ler, fui buscar num site pequenos contos literários para assim me inteirar para que o sentimento de ausência acabasse. Eu me sentia vazio de palavras e idéias. Daí, acabei baixando sem querer um livro de contos de fadas. Esses contos mais conhecidos que existem como: A Branca De Neve, A Bela Adormecida, em suma, essas estórias com finais felizes. E de uma forma eu me prendi a releitura desses contos que são pura fantasia infantil. Contos bem bolados e poderosos. Os contos de fadas são essências na vida de uma criança. 
E pela janela era possível ver a noite. As árvores dormiam. Só as folhas suavemente balançavam, alguma caia no chão levada por um vento frio e silencioso. O coração palpitava numa ansiedade exausta. Por que a noite trazia a melancolia fria e sonolenta de quem dorme pouco. Mas por que não encarar a vida como ela é? Perguntava-se. E numa decisão tão súbita e pouco confiável decidiu encarar e se conformar com a efemeridade do tempo.




 Tristeza também agente inventa...


Evolução

       Está de madrugada, mas mesmo assim prefiro escrever. Já faz um longo tempo que não escrevo e não posso perder esse hábito que me liberta. O nosso tempo é curto demais para aqueles que nos amam de verdade. Porque se já nos dão o amor que queremos, gastamos nosso tempo maior procurando conquistar um novo amor. A felicidade vai da opinião de cada um.
       Fortaleza está quente demais. O dia hoje foi tórrido e o suor escorreu livremente pelos rostos e peitos de quem ousou sair de perto do ventilador. Perdi uma prova importante, mas dessa vez eu não tive culpa, juro. Devido a um demorado engarrafamento centenas de pessoas abandonaram a condução e seguiram correndo. Eu acomodado numa cadeira do lado do sol, o sol queimando minha pele e no bolso um chocolate derretido, fiquei com uma falsa esperança de que ainda havia tempo de chegar. Quando cheguei ao local da prova os portões estavam fechados e várias pessoas continuaram chegando mesmo assim, exaustas. Amanhã começa novamente minha adorável rotina de trabalho. Meu final de semana mal começou e já está chegando ao fim. Mas já me conformei com a relatividade do tempo. Já que não posso controlar todos os relógios do mundo, controlarei o meu. Eu tenho me sentido feliz. Uma felicidade que me escapa a cada piscar de olhos. Eu a agarro, mas quando penso que ela me pertence para sempre, perco-a de vista e volto a procurá-la. Procuro-a nas montanhas frias e aconchegantes, onde as pessoas se perfumam ao anoitecer e saem pra namorar. Procuro-a em pleno meio dia, no deserto que aqui está nessas horas. E nesse momento só o que escuto são os latidos dos cães que nunca dormem. Vou ficando mais valente. O que se ver por fora é totalmente diferente do que se passa por dentro. A sensação sentida é quase inexplicável. Eu que já senti tantas sensações amáveis e pavorosas. E ninguém vai tirar de mim o que vivi. Todos os dias quando acordo, vou me preparando pra viver. A valentia a que me refiro é muito interior. Os piores fantasmas são aqueles que nós mesmos criamos e alimentamos. Prefiro ser solitário como estou sendo nesse momento do que ter um fantasma sussurrando besteiras no meu ouvido. A solidão não é tão assustadora quanto parece. As palavras não são mais importantes que os sentidos. Minha impaciência vem da vontade gigante que sinto de crescer e o mais engraçado é que cresço sem perceber. Até que me aparece alguém sem nenhum motivo e me prova que tenho tantos motivos pra amar a mim mesmo que me esqueço de sofrer e sorrio. Não sou infeliz, e muito menos casmurro. O sorriso é o que mais vale em mim.  Dê um sorriso e estarás salvo. 

SONHOS ESTRANHOS

Ultimamente tenho sonhado com coisas exotéricas. Uma menina manipuladora que me faz tentar pular num rio quase sujo. Um terreiro de candomblé velando uma suicida maluca que ainda resiste dentro do caixão abrindo e fechando os olhos serrados, e de repente aparecem pessoas salvando uma garotinha que se engasgou com balas. Meus sonhos têm sido esses. É um tanto estranho e sombrio, mas gosto deles. O que a psicologia explicaria em relação a esses sonhos? Sinto falta dos pesadelos que tinha quando criança. E até mesmo dos meus assombros fantasiosos. Eu que tinha poderes naquela época e não sabia.

Pensamentos Fragmentados

Farto de tanta inspiração me disponho a escrever nessas breve linhas que me atraem. São tantas coisas a serem lembradas e copiadas. É tanta gente se enganando à toa esperando algo que nunca virá.
Acordo algumas vezes no meio da noite pra assegurar-me de que ainda tenho tempo pra dormir.
Minha intenção não é lhe corrigir, mas sim lhe entender!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cheguei em casa quando já era noite. E vou rezar, mesmo não tendo religião, vou fazer uma prece para que amanhã chova de novo. Como o dia hoje me foi agradável! E tudo por que senti o mormaço da chuva. O cheiro de tempo úmido e o vento frio. E como me sinto intenso quando chove. Quando acordei, não foi preciso olhar pela janela o tempo que fazia lá fora, eu senti. E acordei super disposto. É que sinto de volta certos sentimentos adormecidos. Sentimentos bons.

Hoje eu entendi certas coisas que ontem eu não conseguia entender.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Uma Vida Simples


        Sua casa não tinha paredes rebocadas e o chão era sem cerâmica mesmo, mas tudo de uma rusticidade tão aconchegante que amava viver, comer e olhar a vida da filha, que ia crescendo e se tornando uma    mocinha muito educada e desenhista. Chamava-se Verônica e todos os dias acordava muito cedo para que Sofia não se atrasasse na escola. Os cabelos assanhados e já conformados com a cor alva esvoaçavam-se por conta do vento que soprava entrando pela varanda sem cadeiras e sem nada. Tinha consciência de como era pobre em relação a coisas materiais, mas não se desesperava, pois ainda tinha uma carta na manga. Seu talento de vender, de ir ao banco tirar um extrato ou fazer um depósito, mínimo, mas não deixava de ser um depósito.  Além do mais conservava muito nítida a esperança de ter uma loja grande e sortida que ficaria para a filha como um seguro de vida. Sabia que ia morrer antes que a filha, pois já era velha. Pensava: tenho quase cinqüenta, e ria muito briosa com os dentes inferiores pra fora e mal alinhados cujo concerto ficou pra nunca mais. E pensava no marido com um amor tão infantil e desesperado, sentia um aperto no peito como se o dia fosse o último de sua vida. Usava um short Jeans muito antigo e esgarçado cuja lavagem tirou-lhe a cor azul. Agora possuía uma cor nebulosa de inverno que vem chegando. A blusa apertada deixava bem clara a falta de seios fartos. Quando Sofia nasceu ficou muito preocupada, tivera pouco leite, e precisou pedir ajuda na maternidade. As enfermeiras falavam mal de sua aparência e ela num desdém insignificante e fraco fingia que não ligava e que até mesmo não sabia.
       Mas verônica possuía algumas amigas sim. Afinal como trabalhava vendendo de porta em porta, precisava conhecer muita gente pra fazer seu dinheiro aumentar e por isso era muito educada, dando bom dia e boa tarde pra quem passava. Mesmo assim não gostava nem um pouco da vizinhança que observava sua vida só por que gostava de ser conservada e não tinha amigos para farra ou coisa do tipo, não era uma libertina. O marido mesmo não bebia e nem fumava. Ah, um homem muito bom, pensava, e tão insubstituível que não lhe passava pela cabeça arranjar um amante. Nunca! Era feliz com o homem que tinha e ambos freqüentavam cultos religiosos onde verônica se sentia casta e filha de Deus. Mas de quando em quando verônica acordava irritada e chantagista. Disposta a berrar palavrão para quem quisesse ouvir por que a lama enlodada invadia sua calçada a cada dia, mais e mais. E num susto infantil e supremo de cego que volta a enxergar, mas descobre que está tudo diferente e que preferia a falta de visão a encarar o que se ver. Ela num susto via a água suja e parada só se espalhando silenciosa e fatal e tinha impressão de morar numa sarjeta quando o cheiro ruim subia. Os vizinhos cochichavam e falavam na sua cara que a lama estava muito concentrada. Ela desdenhava angustiada e ofendida, mas no fundo sabia que era verdade e que já não podia fingir morar num palácio com sua filha princesa que só engordava de tanto comer doce com creme de leite e beber água pra matar a sede. A televisão grande e moderna era o grande contraste do quarto miúdo e indiscreto. Um quarto sustentado não por paredes, mas pelo amor que sentia por Paulo.
       Um dia depois de deixar a filha na escola foi ao banco pra fazer um depósito muito pequeno, e enquanto caminhava sentiu um toque no lado esquerdo do seu ombro. Era uma velha decrépita que clamava por ajuda, pois não conseguia atravessar a avenida por conta do grande número de carros velozes que tirariam sua vida se atravessasse sozinha. Ela resolveu ajudar, e aproveitou que a avenida estava livre. Ia puxando a velha e guiando-a, mas de súbito sentiu uma vontade negra e muito pontiaguda de jogar a velha no chão, de soltá-la e correr, deixando assim uma vitima de atropelamento. Um desejo de fazer o mal. Deu um breve sorriso malicioso e imperceptível. Por que pensar em fazer esse tipo de coisa? Perguntava-se culpada e medrosa. Não nunca faria tamanha crueldade. A senhora beijou-lhe as mãos com uma boca engelhada e sem lábios, melando sua mão com um pouco de saliva. Verônica ignorou e se despediu sorridente e avoada. Diariamente visitava o banco mais próximo de casa para juntar pequenas quantias de dinheiro com o intuito de reformar a casa e os cabelos.  Mas sua vida era tão corrida na sua lentidão. Ela irritava qualquer um por ser muito lenta. Demorava a tomar decisões mais sérias e nunca se precipitava, nunca arriscava sem antes estudar a proposta ou a hipótese. Era feliz na sua pobre astúcia.
       Eu queria dizer com toda convicção que nunca confundi meus sentimentos, mas não quero inventar tamanha mentira. E se existe alguém que nunca tenha sofrido de confusão, que sempre teve certeza do que estava sentindo, se essa pessoa existe, eu quero conhecê-la. Não quero dizer que sou desorientado emocionalmente, simplesmente hoje gosto e amanhã desgosto de forma tão instantânea que me espanto. Mas isso não me preocupa. O dia já se foi. Amanhã é dia de trabalho e acordarei disposto, feliz e de pé. Por que tenho me acomodado muito, tenho vivido num sonambulismo chato e muito pedante. Não posso querer morrer só por que tenho uma preocupação. 


       A Dinda (minha cadela) tem mania de ficar em pé e de vez em quando me assusto com ela. Ela é muito avoada. Vive dormindo e espiando uma casa alheia. Explico: na parede do quintal onde a Dinda mora tem uma brecha que dá na casa do vizinho e ás vezes quando vou ver o que ela está fazendo, a pego espiando a brecha com orelhas em pé e num silêncio de quem testemunha um crime. Aí eu me pergunto: no que será que ela pensa? Já escrevi que um dos motivos do amor que sinto pela Dinda é o fato de ela não saber o que eu penso e de eu não saber o que ela pensa. Agente se ama sem ao menos saber a opinião de cada um. O mistério que o animal deixa no ar, é daí que nasce meu amor pela natureza. Eu que também sou um mistério incontestável. 



Preciso registrar isso: A Dinda me deu um abraço!

Delírios

Os meus maiores delírios se dão quando estou lúcido. Sim é quando mais rio da liberdade provisória. Mais eu juro que sou normal. Podem acreditar em mim. A mina intenção aqui não é inventar estórias.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Talvez...

       Talvez eu nunca volte a sentir aquela maravilhosa sensação de liberdade. Mas nós somos assim, passamos a vida buscando novamente sentir algo que nos fez bem no passado. Por que só quando é passado descobrimos o quanto era bom. Eu sigo os loucos.  Mas eu encontro um jeito de trazer de volta. Na minha loucura eterna eu volto a ser. Por que quero experimentar de novo o que experimentei há dez anos.  Quero escutar o meu velho rock. E quem sabe talvez sentir desvairadamente aquele desejo. A pessoa tem que ter alguma desordem dentro de si pra fazer poesia. Hoje é quarta-feira e eu queria ficar pirado. 

Escuras Saudades


  Faz um tempo que estou procurando uma música. Música de estilo quase indefinido, mas imagino que seja um rock. Um rock pesado e muito leve ao mesmo tempo, por que me refiro ao peso sentimental e não ao instrumental. Uma música que me leve à antiga invocação imaginária e verídica por ser inventada, como uma bruxaria pessoal e secreta. Música fremente e dolorosa que faça meu coração comprimido bater quase numa saudade sem dó. Algo que transmita a sensação antiga de quem está entregue a escuridão, mas num conforto de feto dentro da barriga. Numa mansidão de adestrado. E hoje eu sei que tudo existiu, por mais nebulosa que seja a lembrança. Existiu um ritual seguido todos os dias, numa preocupação de quem não dorme sem antes rezar. E caminhava-se por entre a imaginação tão fantasticamente perdida. A imaginação rica de quem tem medo da normalidade. Uma pessoa que tem vontades de louco, mas que é julgado como normal. E o mar nessas horas tão distante, tão violento nas suas ondas e imensidão profunda e larga. As ondas quebradas nas pedras. A noite escurecendo o corpo do mar. O espelho natural e trêmulo. Uma moça em algum lugar da terra olhava-se no espelho d’água do mar e seu rosto tremia também, numa beleza nervosa. Um coqueiro tão esvoaçante nas suas palhas verdes. Um dia eu vi uma pessoa morrer no mar, o corpo ficou encharcado e morto numa palidez sem ar. Fiquei assombrado, não com medo, mas dentro de mim uma ansiedade surgia quando eu me lembrava da tragédia. As tragédias me inspiram. Assim como também me inspira e assusta nervosamente uma onde gigante e feroz. Uma destruidora onda que engole pessoas e casas, que avança sem pudor ou controle. Assim como também me assombra um tornado. Aquele vento em forma de redemoinho. A força descomunal de um tornado é igual à força das emoções que sinto e que saem arrastando tudo que ver pela frente.  

Fim

       Jura pra mim que o tempo vai parar quando eu estiver ao seu lado, pois só assim eu sossegarei. Mas jura de verdade, não me engana que já não posso mais agüentar ser enganado por você. Eu que estou com saudades das chuvas que me deixavam com frio. E minhas lágrimas são as gotas de chuva fresca que banham o meu rosto cristalizado. Meu coração é um barco vagando num oceano sem começo nem fim. A lua me contou que não está só, eu acreditei, pois também sei que não estou. Quando escutei aquela música eu tentei me transformar pra que ela coubesse em nossas vidas. Coube depois de um tempo, depois de muito esforço até que o nosso fim chegou e a música ficou completa. O fim foi a última peça do nosso quebra-cabeça e eu a encaixei num prazer diabólico que já não sinto mais. 

Engano

                                   

       Há tantas coisas pra descobrir. Eu conheço tão pouco o mundo. E me angustio só de pensar que não posso fazer uma longa viagem, acompanhado de alguém. Não é solidão, é angústia. Mas é algo que passa como tudo. Ah, eu quero ler os livros que enchem a prateleira antiga da biblioteca. Mas também quero pensar. Quero viajar em meus pensamentos mais profundos e tolamente secretos. Por que é bom ser sensível, mas também é muito bom ser cruel. Não, eu não estou cansado de nada. Eu apenas fui condicionado. Mas amanhã eu vou acordar às sete horas da manhã e vou olhar o sol recém nascido. Só o que fica são saudades. Ela não se conformava, não aceitava que tudo teria que ser esquecido. Mas enquanto isso ele vivia, lembrava também, sentia saudades, mas vivia tranqüilo e ela não. Existe uma diferença muito grande entre cada ser humano. Acabarei de vez com essa fobia infantil. Quero ver gente, gente calada e de olhar fundo. Quero ver a noite acordada num certo lugar. A poeira cobre as vidas pobres. Alguma coisa ficou pendente a balançar no ar. Um tom de ironia se fez percebível. Eu que não suporto esperar. É horrível você se enganar com alguém.

Minha velha imaginação

        Minha imaginação agora se apresenta mais calma. Tão transtornado que eu era pelo feitiço de viver sonhando. Eu vivia a voar sozinho dentro de mim, e só saia pra comer. Aonde ia levava comigo o poder da criação, o supremo poder de ser quem eu queria, e de ter tudo que desejava. Ainda possuo um poder semelhante, mas a grande diferença é que o recente é concreto e denso. E o antigo era apenas ar.