São gotas de horas que caem no céu do mar, no chão da lua, no vento dos dias.
Dias esses que aproximam uma almejada viagem.
E catam as pedras molhadas de ondas.
E armam-se as cores.
E erguem-se as azas.
Penas em leque ao vento.
Lucas Doth
Sejam bem vindos!
quinta-feira, 21 de março de 2013
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Falso Natal
Essas luzes apagadas me fazem te sentir.
Estou com saudades
das tuas cores.
Cores roubadas da noite
Quando eu não te via no escuro do
quarto e te sentia apenas,
Te sentia no sentido dos toques.
Dos lábios incertos
e cegos de amor.
Numa noite linda de um falso natal.
Refúgios tardios.
Foi difícil encarar a realidade que me
tomara. Eu percebia o quanto o tempo havia passado, e foi tudo tão rápido que
não pude enxergar as oportunidades indo embora, eu estava ocupado em satisfazer
meu coração ansioso, deixando de pensar no futuro, deixando de imaginar que
sofreria. E ali deitado numa tarde quente, o ventilador soprando forte no meu
rosto, a minha cabeça ruminando pensamentos angustiantes e as certezas
apunhalando o meu peito me fazendo fechar os olhos e encontrar refúgio apenas
nos sonhos. A realidade de que tomei posse me aniquilava, e talvez dormindo eu
me recuperasse. Ontem aconteceu também. Estava em casa, tentei assistir alguma
coisa, mas me faltou concentração, me veio então a fadiga, deitei na cama, o
quarto fervendo e eu lutando contra um calor que não me incomodava com um
ventilador barulhento e indiscreto. Pensei que poderia está passando por uma
crise, talvez uma depressão, mas não gosto de admitir isso, eu sempre lutei por
minha felicidade, por que sempre fui espontaneamente feliz. Será que perdi a
capacidade de me sentir feliz em apenas está vivo? Eu que tinha em mente
conquistar o paraíso sem que pra isso eu precisasse de coisas, sem que pra isso
eu precisasse de muito dinheiro ou de alguém. Mas a questão não era essa, eu me
senti profundamente entediado e incapaz por que eu adiava algo, eu adiava uma
busca, e isso me parecia perda de tempo, isso me parecia fragilidade e eu não
havia me julgado fraco, admitir ser fraco pra mim seria o fim de uma glória,
justamente a glória que utilizei para minhas conquistas, a glória de uma vida
inteira, e ela parecia está fugindo do meu domínio, eu começava a me tornar uma
pessoa inglória, como um mendigo eu pedia piedade na cama, como um doente
fugindo das dores eu tentava dormir, fugindo. Posso dizer que em meu estado
normal nunca sofri insônia, e talvez por isso nunca tivesse dificuldade para
adormecer. Foi então que as imagens começaram a parecer difusas, imagens sem
nexo, imagens surreais e fui caindo encontrando o meu refúgio. Ah, doces
sonhos, o sonho agora era meu remédio, meu coração apaziguando, encontrando os
estímulos irreais. Ao despertar eu tentava voltar para o sonho, eu renegava
minha própria realidade, como se a minha vida não acontecesse ao despertar, mas
sim ao adormecer. Era como se eu escolhesse viver pra dentro e não pra fora.
Mas há um momento em que o despertar é inevitável e o corpo pede ação, a vida
grita te acordando, um galo no meu quintal cantava para o céu, reinando com o
seu império de galinhas. Eu era chamado pela tarde que se findava. Mas como se
eu tivesse tomado um antidepressivo ou algum remédio que ameniza a dor da alma,
eu me sentia bem, eu me sentia verdadeiramente bem. Foi então que resolvi ouvir
música, ah, quando estou feliz eu escuto música, por que a felicidade me faz
entender as coisas, as matérias, as ideias, a felicidade abre minha mente e a
torna livre. Enquanto eu me sentia fadigado eu não consegui absorver nada,
minha mente se tornava fechada, indiferente a tudo. Hoje aconteceu do mesmo
jeito. Quando despertei também já no finalzinho da tarde eu havia voltado ao
meu normal, eu me sentia capaz novamente de seguir, eu até me senti capaz de
escrever. Amanhã talvez o dia seja diferente, eu espero não ter que passar por
tamanha agonia, pois já tenho um compromisso, e quando se tem um compromisso
preocupa-se apenas com o compromisso que é mais urgente e o tédio não aparece.
Amanhã eu vou em busca daquilo que adiei.
Perdido na Noite
Eu estive triste. Senti até uma vontade de chorar. Vaguei na
noite e fui salvo por um amigo que eu nem havia percebido que estava ali. Vim
pra casa sem amor, sem motivos. Voltando de uma festa em que me perdi, olhava
para os lados e não encontrava os sentidos. Eu sinto que vou continuar assim
até que o destino decida me presentear com algo novo. Mas agora a tristeza
diminuiu, eu nem sinto mais angustia, acho até que exagerei no drama. Sabe
quando você sente que Deus te esqueceu?
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Um Dia Incomum.
Sinto
um tédio sufocante. Meus amigos estão acomodados em suas casas, na frente dos
seus computadores entretidos com um mundo virtual, e eu diante dessa tela só
consigo encontrar a falta do que fazer. Deito numa rede que mal me cabe e tento
dormir em vão. Um sonho erótico se principia e é interrompido por minha tosse impertinente, tosse de quem fuma, pigarro talvez. Levanto-me da rede e entro no mundo virtual
dos vídeos clipes de músicas que não me entram mais. Músicas que cansei de ouvir. O
sol que faz lá fora me impede de sair de casa. Meu pai almoça na cozinha e
minha mãe bola um plano pra visitar sua irmã, eu espero ficar sozinho.
O telefone não toca, eu espero uma ligação
prometida. As horas passam insignificantes e são lançadas pela janela a fora.
Meu cabelo por cortar, nada de exercício físico. Um remédio básico para evitar
a produção excessiva de suco gástrico no estômago. A árvore de natal está
sumindo entre a poeira das construções vizinhas. É uma quarta-feira e não
parece. Na geladeira nenhuma cerveja pra
refrescar, nenhuma barra de chocolate ou até mesmo um doce de goiaba.
As pessoas assistem à mesma novela de
cinco anos atrás interessadas, sugestivas, opiniosas. Minha mãe joga cinco
reais na minha mesa para a passagem de ônibus, vou lhe fazer um favor, passarei
a noite fora. Eu e uns amigos que conheci por aí vamos escutar umas músicas e
beber pra aproveitar a liberdade de ficarmos sozinhos numa casa penumbrosa e
sufocante.
Vou tomar um banho e me concentrar apenas na
temperatura da água, sentado no chão do banheiro como eu fazia quando criança
de luz apagada e vela acesa. Entrando num recanto imaginário, numa gruta
milenar. Meu cachorro é suicida, escapou de morrer três vezes, tem treze anos e
enxerga pouco. Mora na área de estacionamento onde fica o carro do papai e late
para quem passar na frente de casa, as pessoas se aborrecem.
Ela olhou pra mim e disse: Estou
cansada de ouvir suas estórias, suas lamentações, seus delírios, você só quer
saber de você, me esquece. Eu respondi com um sorriso: quer mais um copo de
cerveja? Ela jogou o copo de cerveja na minha cara e me deu o último beijo mais
quente e verdadeiro, no céu da boca eu senti um gosto de sangue, mas era só
impressão. Ela foi embora sem olhar pra trás e seu coração estava apertado, o
meu mais ainda, mas permiti que ela seguisse. Lembrei-me da sena enquanto ouvia,
com a cara enfiada no colchão da cama, um rock antigo. Estou com insônia em
plena luz do dia.
Ficaram de me dar uma resposta, eu devo
esperar pelas respostas? Minha mente está vazia, meu interesse está zerado,
hoje é um dia incomum. Daqui a pouco vou me pôr em frente ao espelho e tentarei
pentear meus cabelos de forma que eles fiquem como sempre. Ah, vou vestir
aquela blusa preta de mangas compridas e vou dirigir uma moto que não é minha
por quase duas horas numa aula de direção sem lógica. Depois talvez um vinho,
uns tragos talvez. Dará certo o encontro com os amigos? A resposta é: Ninguém
sabe.
sábado, 3 de novembro de 2012
Frente fria.
Eu sinto que uma frente fria que estava em movimento
estacionou dentro de mim, fazendo assim grandes tempestades e trovoadas em
minha cabeça, mas nada que me prejudique. É como um dia de chuva forte que te
deixa preso dentro de casa respirando o mormaço de fora, se escondendo debaixo
de lençóis na frente da TV. Mas mesmo com a tempestade você quer sair e
descobrir o dia dessa maneira, ver a cor do céu enegrecido e lembrar talvez de
uma sensação apenas, sentida há muito tempo atrás.
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