quarta-feira, 27 de abril de 2011

Conceito

       Quando ontem descobri necessidades. Quando tentei falar, até gritar o que queria, e não pude, dormi. E hoje, quando já é madrugada, preparando-me pra outro dia que já é próximo, eu não quero mais nada daquilo. Não me resumo ao que quero. Sempre vai existir o além, e dentro de nós se define a vida. A complexidade que envolve a vida pode enlouquecer ou apenas deixar suspensa a existência de alguém. O que define você não é o que você tem, mas sim o que você sente. Quem vai saber o que o sorriso do vizinho realmente quer dizer? E é na rua que a vida passa rápida, é na música, na fantasia que a vida vai ligeira. Falar sobre o viver é desafio pra qualquer um, mais ainda pra quem se indaga. E o limite de cada um está aonde cada qual quer chegar.  A diferença é que existe o que quer, e o que acha que quer. O óbvio só é simples pra quem compreende. Compreender exige aprofundamento. Conceitos não me interessam mais. Cada um tem seu conceito. 

domingo, 24 de abril de 2011


Que chuva deliciosa e sublime. Dentro de mim tem uma emoção criminosa. Estou eternamente preso ao que amo. A vida só me ensinou a intensidade das coisas. Eu quero o que é mais intenso. Eu quero amar de novo. 

terça-feira, 12 de abril de 2011

Cemitério

       Esse cheiro de vela me lembra cemitérios. Cemitérios que já frequentei visitando os que já se foram há tanto tempo. Tem um local, que me lembro bem, onde eram acesas as velas mais diversas, e aquele cheiro de cera derretida no ar. As mais belas e tristes intenções eram as de quem acendiam as velas e lá as pregavam em preces oprimidas. Eu gostava de ir no dia de finados. De certa forma a tristeza das pessoas, aquelas flores tão coloridas, os epitáfios, a capela com suas imagens de santos piedosos, tudo aquilo me atraía, curioso como eu era, tudo me era sombrio e me atraía, inexplicavelmente. O que me deixava cabreiro era a morte das pessoas em pleno dia de finados, eu achava trágico, assim como a morte na virada do ano ou no dia do próprio aniversário. Hoje, essas coisas não me importam mais. O cemitério não me é mais atraente, pois perdeu toda aquela imagem fantasiosa e todos os fantasmas que o habitava quando eu era menino. Lembro-me que numa viagem, fiquei hospedado na casa de uma prima, e todos nós estávamos apaixonados pelo rock. Ah, como era bom escutar rock. Uma sensação de liberdade diante de todos nós, nos sentindo tão diferentes, tão exclusivos. Marcamos todos de entrar, quando a noite chegasse, no cemitério da cidade pequena. Nos reunimos e bebemos alguns vinhos, depois pulamos o portãozinho do cemitério, e de repente lá estávamos todos, na escuridão mais pura e sem fim, com coroas de flores empoeiradas e fotos velhas de quem já morreu à nossa frente. Nada daquilo me assustou. Era uma aventura pra mim. Foi muito rápido. Uma garota que estava com a gente de súbito se assombrou e nervosa pedia para voltarmos, o silêncio dos mortos a perturbava. Seu cordão arrebentou, segundo ela sem que ela o tocasse, quebrou assim como se alguém tivesse puxado. Claro que não acreditei. Tivemos que voltar às pressas, pois devido ao alvoroço da garota as outras meninas também se alvoroçaram, e antes que alguém nos pegasse ali, pulamos o portão de volta. Lembrei-me desse episódio de minha humilde vida por conta da queda de energia que se deu aqui em casa, foi preciso acender velas e o cheiro de cera derretida invadiu a casa. Vela me lembra defunto. 

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Apenas algumas conclusões.

       Não se encontra amigos de verdade como antigamente. As pessoas estão corrompidas por um egoísmo que já é inato. Estamos comendo bolachas. Estamos respirando o ar poluído da ganância. Estamos subordinados, falidos, seguindo o que os controladores mandam. Fechamos os olhos para não encarar o que nos pesa na consciência.

       Esse é um domingo daqueles. Um domingo de quem começou a beber há pouco tempo. E a garota se vestiu bem, só pra matar seu vício. Isso já não vale mais a pena. Agora podemos fazer um estudo real dos fatos. Hoje é domingo e as pessoas estão na calçada. E todas vivem sem saber. Da vitrola só sai poeira, da boca da mulher sai um escorraço.

       Agora estamos num deserto escaldante e no copo é possível ter pinga. Um chapéu para dá charme e o rebolado do andado para agarrar. Sinuca virtual, nunca dará a mesma sensação, a bola nunca cairá de verdade.  Continuemos nossa farra calorosa. Nosso orgulho inabalável. Vamos jogar, vamos perder, vamos nos afastar. Voltemos depois com o orgulho refeito, com sorrisos embriagados. O sol já vai se embora, mas não temos pressa, pois a noite é bem vinda. A mesinha no canto, baixa e rústica, simples, numa presença sincera. A vida não existiria sem os fatos.

       Vamos revirar o fundo do baú, preciso ter essa surpresa. Lá no fundo talvez encontremos a peça chave que nos levará a alguma conclusão. Subitamente poderemos encontrar a resposta perdida, a essência que escapou. Lá no fundo do baú, um dia encontrei um brinquedo abandonado, que de tão esquecido me atraio.     Vamos voltar alguns passos e pegar a chave que deixamos cair. Não vamos tentar entrar numa casa sem portas. Inopinadamente me veio àquela sena. Quanto tempo faz? Obviamente houve um desvio de interesses. Vamos brincar agora do: se colar colou! Talvez assim economizemos dinheiro. Quando se tem fugidia conexão, o importante é explicar o que desconexamente faz sentido.