quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma hora se torna cansativo se fazer de forte, de firme e seguro, aí eu me desabo em lágrimas quentes, frescas e salgadas. Chega uma hora que você não quer mais se privar de certos pensamentos e também desiste de renegar um desejo que é seu. Talvez esta seja a inspiração que em mim estava ausente e que agora a sinto com uma dor. Uma dor que eu não sentia há algum tempo e que estranho resignado. Por enquanto vou escrever num pedaço de papel umas breves palavras que me levarão a liberdade maior.  A liberdade de escrita. Freio-me para analisar um pouco, cansei de ser desenfreado. Preciso parar para ver se vem carro dos dois lados para que não seja atropelado, e às vezes preciso passar correndo escutando as buzinas irritantes da pressa. Até chegar do outro lado e suspirar a salvo.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Que Vergonha!

Fomos eu e um amigo para um restaurante aqui pertinho. É um ambiente agradável e silencioso. Geralmente quando queremos sair para perto vamos até lá. Os garçons são educados e prestativos, não é preciso se esgoelar para ser atendido. Pois bem, estava eu e meu amigo a tomar uma cerveja esperando a chegada de uma pizza, apesar do abuso que tomei por pizzas, eu esperava por uma. Quando de repente, eu mexendo demais meus pés, acabo quebrando meu chinelo. Sim, eu estava de sandálias e a do pé direito quebrou. Meu Deus que vergonha! Eu olhei para o meu amigo e eis que surge a grande dúvida: como sair sem ser percebido? Não havia maneira, me conformei. Terminada a refeição, e o dinheiro, tive que sair com a sandália quebrada mesmo, andando sem levantar o pé, o que talvez tenha sido mais chamativo. Ainda precisei andar vários quarteirões com a sandália na mão e o pé nu pisando na terra fria aos cacos. Mas algo dentro de mim se animou com o ocorrido. Senti-me um louco vagando de pé descalço na avenida. Um louco que aparentemente queria bater em alguém com uma chinela na mão. Só não entendi por que tive que passar por esse vexame logo nesse lugar cheio de gente. Apesar disso a noite foi legal. 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Praça

De quando em quando me lembro da praça, onde quando em criança eu me divertia com nada. Eu subia no coreto e passava por entre as grades espaçosas de corrimões amarelos e arredondados. A praça era grande, e em muitos lugares eu repousava com meus amigos desocupados. E como o domingo era esperado por mim. Todos os domingos eu saia com meus pais à caminho da casa de minha tia. Às vezes íamos passar o domingo inteiro e durante a tarde eu ia pra praça que ficava de frente pra casa de minha tia. Lá tinha árvores grandes e aparentemente velhas. Tinha também uma igreja com uma pequena gruta onde eu molhava a mão. Um dia eu e meus amigos fomos brincar de gangorra, mas num desequilíbrio acabei caindo e fui levado ao hospital onde engessaram meu braço. Eu era tão curioso quando criança que até gostei da experiência de ter quebrado o braço. Hoje eu não suportaria. De noite a praça ficava extremamente povoada e na época eu não conhecia o perigo, tão livre eu era. Meus pais enquanto conversavam na calçada me deixavam passear. E eu caminhava numa fantasia que era só minha. Mas o que mais me encantava era quando chovia. Ah, quando chovia e eu saia correndo no meio de ninguém , eu só sendo banhado pelas gotas frescas de água que caiam. Os braços saltados pra cima. Um sonho se fazendo real. A praça banhada pela chuva se tornava um mundo novo pra mim. Foi também na praça que me embriaguei pela primeira vez, mas isso já foi mais tarde. Recentemente eu fui com meu pai à casa de minha tia e claro não deixei de ir até o coreto onde eu subia. Lá eu me sentei, mas muita coisa mudou e estranhei o lugar. Como nós somos mutáveis e como eu mudei! Eu não conheço mais quem eu era. Agora só conheço quem eu sou. O passado é tão belo pra mim, ele me prova tantas coisas. Até parei de lembrar tanto do que passou, mas quando paro pra pensar me emociono com as mudanças e com a capacidade que temos de deixar tudo guardado. Algumas coisas eu conservo na memória, mas não as quero para lembrar no dia-a-dia, pois são muito importantes e talvez me fizessem chorar. Sou tão emotivo que até posso ser confundido com uma pessoa depressiva, mas não, existe uma grande diferença, eu sou feliz! A minha emoção gera minha felicidade. É tudo um conjunto que forma: eu. 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Numa Sexta-Feira

É tão bom entender. Entender que escrever não é tudo. Entende que o máximo é viver, e que as demais coisas são apenas complementos. E que a vida ela não te impõe nada. E tudo parte de dentro de você mesmo. Nessa noite tão plena, onde estou inteiro, o que suporto ouvir é uma música sem letra. Música de melodia apenas. Por que até as palavras me cansam hoje. E por pura contradição, e necessidade talvez, estou aqui a escrever. Ah, mas tudo por que é bom ser vivo. Por que é bom ter amigos. A solidão é o declive do ser humano, pois não existe sentimento comparável à felicidade. E  por que de repente me inteirei assim? Talvez a minha percepção aguçou-se sem querer. Estou amando a música erudita. A música erudita por ser sem letra não me é pedante. 
Escrevo o que sou por dentro.

Fragmento

Ela desceu do ônibus flutuando. Sim, pois seus passos que até então eram rígidos e calculados agora se tornaram apenas passos leves e imperceptíveis por ela mesma. E ia se guiando sem orientação. A única certeza de que tinha era: eu estou feliz. Mais era uma felicidade tão estranha e nunca sentida antes que ficou drogada sem usar droga alguma. Ficou num estado de meditação, mas acordada e sabendo o que sentia. Ela caminhava sem prestar atenção em nada. Agora se sentia completa, mas sabia numa tristeza sem força que aquilo iria passar. Até por que ficaria sem graça se a sensação fosse eterna. Perderia o gosto. E isso tudo por que esteve em contato com seu amado, por que se amaram sem esforços.


Lucas Doth

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Óculos

Como é bom chegar em casa depois de um dia de trabalho, agora entendo o que é descansar. É bom está cansado de tanto trabalhar, pior era a ociosidade que me consumia quando eu não tinha o que fazer. O que me salvava eram os livros que eu lia, pois a TV me estressa. Não gosto de televisão. Raramente me prendo a algum programa ou novela. Gosto do cinema nacional, principalmente filmes inspirados em livros.  Hoje tive que comprar uns óculos pra mim, meu problema de vista está se agravando. Como tive que fazer um exame antes da compra dos óculos, a auxiliar da doutora aplicou em meus olhos uma espécie de líquido que dilata a pupila e que por sinal arde muito. Chorei, pois o líquido agride os olhos. Depois fiz o exame e ouvi a orientação de que não devo ficar sem óculos. Logo eu que tenho um imenso complexo com esse objeto tão importante. Já comprei vários e nunca me agradei com nenhum. Me estranho. Sinto-me quase mascarado. Acho bonito no rosto das outras pessoas, mas em mim não gosto. Daí, fiquei numa grande dúvida em relação à escolha do modelo, é uma besteira, mas me enche de aperreio. Escolhi um que na hora me agradou, mas já estou preocupado. Não sei se vou gostar da mesma forma quando eu recebê-lo pronto pra usar. Quando sai da clinica com a vista completamente ofuscada, me senti como uma criança que enxerga o mundo pela primeira vez. O sol doía na minha vista como fogo, foi horrível. Quase fui atropelado. Aos poucos fui recuperando minha visão normal. 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Solidão

       Um emprestava-se ao outro. Por que ambos eram carentes e sentiam uma profunda solidão. O amor era isso pra eles. Um queria beijar e outro queria abraçar, e assim reciprocamente sentiam-se quase completos. Uma semana era o prazo pra que se encontrassem, durante o período que passavam longe um do outro se falavam por telefone num compromisso diário e noturno. Diziam sentir saudades longas e largas. Marcavam um encontro. E numa falsa e cansativa ansiedade esperavam o dia marcado chegar. Comentavam sobre os beijos que viriam e sobre os abraços que dariam. E assim iam preenchendo as horas sem fim e sustentando uma paixão quase forçada. Mas gostavam-se um do outro sim. Quando ocorria o beijo os corações descompassavam-se numa batida louca de incerteza e satisfação. Dentro do ônibus à caminho do mar ambos se olhavam indiscretamente, os olhos brilhantes, e secos de quando em quando. O corpo quente à espera do contato afinal. E olhavam-se num quase desejo real. Por que às vezes parecia que ambos inventavam uma paixão. Inventavam um interesse. Mas era tão bem inventado que se tornava bom e aconchegante quando se tocavam. A mão boba, solta e atraente, querendo pegar no rosto, na boca e nos cabelos do companheiro. A boca querendo beijar descontrolada e só. O olho. Mas o olho não negava o que se passava por dentro dos pensamentos, no íntimo dos desejos.
-Por que você me olha assim? Perguntava impaciente e feliz.
-Nada, não posso te olhar?  Ou você prefere que eu olhe para outras pessoas?
       Ficavam felizes. Tocavam-se secretamente. A ponta do dedo tocando a mão do companheiro já era uma aproximação reveladora de grandes desejos e sensações.  De longe uma pessoa espiava a vida dos dois. Uma mulher magra e suja, triste com seus cabelos assanhados e sua boca de poucos dentes. Olhava num deboche maligno e cruel. Como se soubesse do dia exato em que terminariam um sem o outro. A grande solitária amaldiçoada era ela sentada a coçar a cabeça numa postura de bruxa. No fundo sentia inveja do amor dos dois. Sentia angustia de ser só. Era mais uma vida solitária e desgraçada. Os cabelos revoltos no seu engodo. O ônibus seguia em frente sacolejando os apaixonados. Vinicius pensava amar, mas de quando em quando parava e olhava a companhia e desinteressava-se por ela de súbito, como numa loucura. Por que desgostava assim tão de repente? Por que não era pra sempre? Indagava-se sem querer, sem prestar atenção na própria indagação.
- Vem, vamos sentar.
       Uma perna triscando na outra. Um desejo crescendo sem querer. Sentados esperavam ansiosos o momento em que iam se abraçar, o momento do beijo desesperado e sufocante. Esperavam numa impaciência dissimulada e mortal.  Vinicius era o centro do relacionamento, pelo menos era o que pensava. Ficava calado, devolvia um sorriso e sentia o coração batendo muito de leve quase sem paixão. Tatiana o olhava com ternura e rapidez como que só pra ter certeza de que realmente ele estava ali, como se um medo ou uma insegurança muito forte a fizesse imaginar que inventara a presença do amado, mas não, ele realmente estava ali. Tocava-lhe na mão, com muita cautela e silêncio como se fosse um crime gostar.  Sentia um orgulho e vitória. Vinicius olhava pro lado de fora da janela, quase distante, quase sozinho. O ônibus deu uma freada brusca e ambos foram pra frente, sorridentes e acordados.
       - sempre esses motoristas dão essas freadas agressivas, eles acham que vão levando animais dentro do ônibus. Comentara Tatiana satisfeita por ter o que dizer.  Vinicius assentiu com a cabeça desviando o olhar e pondo um fim no sorriso. No fundo ele sabia que o relacionamento não vingaria, ele pressentia conformado, mas ao mesmo tempo preocupado.
       Nos bancos da frente velhos conversavam auto e sorridentes, as bocas banguelas. Os namorados olhavam. Não havia mais o que ser dito. Ela sentia a presença, mas se incomodava com o silêncio, tinha a sensação de não está do lado da pessoa amado com toda aquela falta do que dizer. Ele olhava pro lado, pro piso do ônibus e pensava- temos que chegar logo, pelo menos assim nos abraçaremos e não ficaremos tão preocupados com a falta do que dizer- davam sorrisos amarelos. Era o fim. Sim, Vinicius pensava sem tristeza, aquela seria a última vez que sairiam juntos. Tatiana calada, agora ficava séria como num pressentimento ruim. Ele perguntava:
       - O que foi? Por que você ficou calada, assim tão de repente?
       -Nada. É que eu gosto de ficar escutando você. Gosto da sua voz, e ás vezes entro em transe, numa meditação doida.
       Enquanto estavam juntos, já de tarde e sentados um ao lado do outro o tempo ia passando ligeiro e impaciente. Vinicius bebia rápido uma cerveja pra que talvez o álcool amolecesse seu coração, fazendo um esforço pra gostar de Tatiana que estava ali a beijar sua boca. Tatiana tinha a pele branca, a boca parecia um botão, era mais baixa que ele e mais audaciosa. Fora ela quem o procurou, ela roubou-lhe um beijo na primeira vez em que ficaram. E sua audácia foi seduzindo Vinicius que ria sozinho lembrando os beijos roubados. Mas ele não admitia uma paixão tão fácil assim. Como se apaixonaria por Tatiana? Como? Preocupava-se.
       A tarde já chegava ao fim e ambos se adiantavam na volta pra casa. O mar revelava-se em ondas fortes e brancas que se quebravam já na beirada. Uma onda assustou um banhista que quase se afogou. Os dois procuravam o sol que estava se pondo escondido entre as barracas da praia. Vinicius um pouco ébrio abraçava Tatiana como numa última despedida, mas o abraço era ligeiro e seco. Os beijos já estavam monótonos e insípidos. Ambos sentiam que já estava morrendo a remota paixão do começo. Seguiam o mesmo ritual de sempre. Voltavam pegando um ônibus que dava uma grande volta por alguns bairros da cidade, e chegando num determinado ponto se despediam muito rapidamente, como numa fuga. Mas dessa ultima vez, foi mais rápido ainda, foi sem tristeza nem saudades, sem choro.  Olharam-se, Tatiana com olhos baixos e miúdos, Vinicius com olhos risonhos e boca fechada e numa diabólica sincronia disseram: tchau! E a única coisa que sentiam era incerteza. Quando um abraço rápido os separou.   
       Já voltando pra casa Tatiana dissimulava com breves sorrisos a certeza que sentia dentro de si: que estava acabado. Por mais que se encontrassem outra vez, se abraçassem ou se beijassem estava acabado, ela apenas não queria aceitar, mas sem dor. No fundo só não queria se sentir inteiramente só.
      Vinicius sentia-se aliviado, e agora seguia para um compromisso com os amigos, tranqüilo, sozinho como sempre fora e como sempre soubera ser. Talvez o destino colocasse Tatiana em seu caminho apenas para que visse que estar sozinho não era tão ruim como julgava, pensava com um ar de sábio, como se tivesse descoberto o segredo, e descobrira de fato.  Agora era só dizer que não dava mais certo e ambos seguiriam seus rumos.


O amor também pode ser efêmero... 

Reflexões

Escritor pra mim é aquele que escreve tudo em poucas palavras. Talvez seja por isso que prefiro as crônicas e fragmentos. Por isso também que acho romances muitas vezes pedantes. Dom Casmurro não me foi pedante. A Hora da Estrela também não, mas ainda assim prefiro no meu dia-a-dia ler coisas curtas. Deixo os grandes livros para uma disposição maior. Não gosto de inventar que estou lendo. Quando leio, afogo-me na história e isso requer grande atenção. Hoje enquanto eu caminhava por aí senti grande inspiração, eu quero escrever sobre tudo assim: Mundo. Uma palavra só era o que eu queria. Quando voltava pra casa já de noite passei por um bar onde dormiam sujos e fedidos, com todo respeito, mendigos alcoólatras. Todos que estavam dentro do ônibus olhavam-nos num absoluto espanto. Os mendigos dormiam em plena sete horas da noite numa avenida tão movimentada quanto o inferno deve está. E eu admiro os mendigos! Eu os acho forte. É claro que existe uma grande contradição levando em conta o fracasso de um mendigo, mas me refiro a grande força que eles possuem por viverem a mercê de caridades. O mendigo é forte, pois vive humilhações. O ser humano humilhado torna-se revoltado, mas existem mendigos que apenas dormem a mercê dos carros que passam ligeiros demais. Às vezes ajudo mendigos, não pelo que me contam, mas pelo simples fato de estarem mendigando, isso me é vergonhoso e ao mesmo tempo percebo certa coragem em quem pede. Duas vezes me encabulei. Estava eu a espera de um ônibus quando escutei ‘’Ajudem um ceguim pelo amor de Deus’’ Era uma voz idosa. Quando olhei, eis que vejo uma mulher de olhos muito cansados de vergonha, cansativamente guiando um senhor cego. A mulher, talvez sua filha, o deixava de frente pra cada pessoa que esperava na fila e o senhor cego falava a frase à cima enquanto ela tristonha desviava o olhar. Poucas pessoas ajudavam e os dois seguiam para a outra fila no mesmo ritual. Achei espantoso ao mesmo tempo em que vi uma realidade muito nua. Existem pessoas que vivem pedindo. 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dura Realidade

Como eu queria permanecer dormindo pra sempre. Quando você me apareceu em sonho senti meu peito como há muito tempo eu não sentia. Foi quando toquei em você que de repente me veio o mais primeiro e forte amor. Mas foi um amor de sonho e isso me assombra. Por que só tenho você enquanto durmo. Por que você se desmaterializa quando acordo e só o que fica sou eu desolado numa realidade que não quero mais. Eu te vi tão nitidamente que até cheguei, por alguns instantes, cheguei a acreditar na tua presença que se fazia tão real. Mas tive que encarar a dura e tristonha situação de apenas te olhar de longe. Pois no fundo, o que mais me assusta,é que quando não estou sonhando eu não te amo. 
"É só esquecermos todos os nossos conhecimentos que começamos a saber."



Thoreau

Mais Um Dia

Trabalho como vendedor externo. E por isso passo a maior parte do meu dia na rua. A rua é meu local de trabalho e meu local de viagem tanto interna como externamente. Hoje, a segunda-feira iniciou-se num sol quente típico de Fortaleza. Acordei desanimado e impessoal. Completamente distante eu estava de mim mesmo. Distante de meus pensamentos mais completos. E senti também distanciada a minha percepção.  Acordei bem depois de abrir os olhos. Gosto do meu trabalho, ele combina comigo e sem saber eu fui me preparando pra ele. Faço visitas e me relaciono com várias pessoas desconhecidas diariamente, o que não me cansa. Eu gosto de gente. Aprendo com as pessoas. E acordei num desanimo que só sinto na segunda. Completamente indisposto eu me ergui carrancudo. Tomei um banho e me pus a trabalhar. Eu tentava me esquecer do final de semana que foi tão bom pra mim. Fui à uma casa de praia lotada de pessoas que eu não conhecia, mas que eram livres como eu. Eram pessoas afins apenas de uma coisa: se divertir o tempo todo. E o domingo se passou despercebido. Eu me diverti como previ e fiquei sentindo saudade da liberdade que me tomou. Mas como a vida não pode parar numa casa de praia, voltei ao trabalho. E lendo um livro percebi, já saindo do sonambulismo, percebi que eu estava vivendo e acordei. Foi então que me dirigi à região metropolitana. Sai de fortaleza, fui para a cidade ao lado. Pego vários ônibus por dia. Por isso sempre pego emprestados livros, para está constantemente pescando palavras. Palavras que emprego em meus textos. E capturo meios de escrita também. Pois eu fui para a outra cidade fazer meu trabalho e voltei feliz. Voltei com um sorriso estampado no rosto. Conversei com um motorista de transportes coletivos e tirei uma dúvida:    Como se sentem os motoristas de ônibus. Eu sempre achei a profissão muito exaustiva e enfadonha, pela rotina diária, pela mesmice do serviço, mas eu queria saber do motorista como é. Ele me afirmou de forma pausada e ciente que é preciso paciência e me disse que os novatos são mais abusados. Aí eu pensei: Como o tempo nos ajuda. Geralmente eu não pergunto informação a motorista, pois não gosto de ser tratado mal. Alguns são legais e fazem questão de ajudar, outros fingem que não sabem. Eu tenho raiva de quem reclama do trabalho, e desconta nos outros a própria angústia. Enfim eu aprendi a escutar as outras pessoas, e pude entender melhor a vida. Cheguei a uma conclusão, já faz um tempo que descobri, mas só agora vou escrever sobre: A felicidade é uma escolha que cada um tem dentro de si, mas algumas pessoas não sabem escolhe-la. Digo: É feliz quem escolhe ser feliz. Já vi tanta gente por aí sorrindo de verdade e numa situação que pra mim seria o fim de tudo. Vejo pessoas que poderiam ter escolhido a morte, mas não, escolheram sorrir e são felizes. Claro que não existe a suprema estabilidade dos sentimentos e nós somos volúveis, mas eu escolhi a felicidade, apesar das tristezas e medos que tenho. Mas não estou escrevendo auto-ajuda não me entendam mal. Enfim, hoje acordei disposto a encarar a semana com a única arma que tenho: minha própria vida.